Há dois dias, deixei a pessoa que amei nos últimos dois anos. Depois de ter descoberto coisas que nunca deveriam ter acontecido, tomei uma decisão. A decisão mais difícil dos últimos tempos, mas a necessária, aquela que já tive de tomar, pelo menos, mais duas vezes, outrora.
Fiquei acordado toda a noite, das 2h às 6h, enquanto na cama dormia a pessoa que eu já tinha decidido deixar. Às 6h, fui à janela, no Chiado, o eterno Chiado, porque uma música árabe me chamou e anunciava o dia que eu nunca vi terminar. Saí sem dizer nada, deixei um último bilhete e dei um último olhar. Saí sem voltar atrás.
Fui até essa música. Uma senhora árabe, penso eu, dançava dentro da sua casa, ao som da melodia. Em lágrimas, perguntei-lhe o porquê de tanta alegria e que música tão tocante seria aquela. Ela disse-me que aquela música anunciava um dia novo, pautado pela esperança que cada dia traz sempre. Disse ela que, todas as manhãs, tinha aquele ritual. Eu agradeci-lhe a beleza, a dança e a música. E parti. Para trás, ficou o Chiado e as minhas lágrimas.
Amanhã é um outro dia. Incerto, porque o amanhã é sempre incerto.
Não sei até onde serei capaz de ir, não sei se vou continuar o caminho de até agora. Quem quiser, saberá onde me encontrar.
Até...